O associado era um exemplo de altruísmo, abnegação e pensamento coletivo
É com grande pesar que a ANABB comunica o falecimento do associado Oswaldo Guilherme Roberto Gebler. O aposentado faleceu na tarde desta terça-feira (30/5) na cidade do Rio de Janeiro. Aos 97 anos, Oswaldo era um exemplo de altruísmo, abnegação e pensamento coletivo. Em 2008, ele doou grande parte de seus recursos, conquistados durante uma longa carreira no Banco do Brasil, para que a ANABB o ajudasse na criação de um projeto que desse esperança e qualidade de vida a pessoas que cumpriam penas em prisões e que estavam prestes a retornar ao convívio social. Hoje os recursos são administrados pelo Instituto VIDA CIDADANIA.
Graças às doações do Sr. Oswaldo foi criado o programa Liberdade Responsável, que promove ações de qualificação profissional para ressocialização de presidiários e jovens em conflito com a lei, bem como apoia comunidades que vivem em situação de vulnerabilidade social. Essa era uma preocupação do associado, que sempre defendeu a educação profissionalizante para o público carcerário como caminho para o regresso à sociedade.
Em um de seus relatos à ANABB, o aposentado justificou o porquê da doação de seus recursos. “Percebo que as pessoas estão cada vez mais gananciosas e egoístas, pensam primeiro em si para depois pensar nos outros, não veem a necessidade de ajudar o próximo. Minha doação é para tentar recuperar a sociedade”, disse em entrevista ao Jornal AÇÃO.
UM POUCO DA HISTÓRIA DE OSWALDO
Filho de pais alemães, Oswaldo nasceu em Porto Alegre, onde a família viveu em situação precária. Desde a juventude, trabalhou em fazendas, no comércio, na indústria de calçados até chegar a ser contínuo do Pfeiffer, um banco comercial do Rio Grande do Sul criado no fim da Primeira Guerra Mundial.
Em 10 de março de 1942, Oswaldo tomou posse no BB na Agência Bandeira no Rio de Janeiro. Na instituição, trabalhou no setor de cadastro, levantamento de patrimônio de empresas, concessão de crédito agrícola e contas irregulares. O respeito pelos colegas e a integridade marcaram sua carreira no BB. “Tenho boas lembranças do BB. Em uma delas, tive de analisar o pedido de uma empresa que tinha proteção política e queria aumento de crédito. Fiz estudos e desaprovei o crédito. Um antigo chefe do cadastro disse que eu não podia ter feito aquilo. Ele era meu amigo, mas cortei relações com ele porque não aceitei a proteção política”, relatou Oswaldo.
O aposentado era crítico ferrenho da política, da economia e da sociedade. Também era fã de astronomia e cosmologia. Colecionador de incontáveis documentos, ele transformou alguns de seus registros históricos em dois livros, publicados em 2012: Capital Internacional e Livro-Carta.