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Instituto VIVA CIDADANIA

Sustentabilidade: a dignidade que vem do lixo

Projeto de catadores de lixo busca melhorar vida de famílias de Nova Iguaçu (RJ)


Em 18.08.2015 às 00:00 Compartilhe:


Tratar o lixo por meio da coleta seletiva pode ajudar a resolver muitos problemas ambientais e trazer dignidade às famílias envolvidas. No entanto, essa questão é muito maior do que simplesmente separar garrafas pet, caixas de leite vazias, vidros de conservas para serem reciclados. É preciso saber aproveitar o lixo e, com ele, produzir riqueza. Com a coleta seletiva é possível reduzir a geração de resíduos sólidos, reutilizar tudo o que for possível, criando novas utilidades para esses materiais e reciclar.

A Lei 12.305 que estabeleceu a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) é realidade no Brasil desde agosto de 2010. E o prazo para sua completa implantação foi de quatro anos, por meio de programas com a participação de catadores e do destino dos demais resíduos para aterros sanitários. Entre outras coisas, a lei exigiu a elaboração de planos estaduais e municipais de gerenciamento, com o fim dos lixões e a criação de aterros sanitários adequados.

Nilândio Leite, funcionário do Banco do Brasil até 1995, que coordena o grupo Catadores Cidadãos, também apoiado pela Associação Comitê Elos da Cidadania, formada por funcionários e aposentados do BB, conta que existem quase 1 milhão de catadores no Brasil. “Produzimos cerca de 120 mil toneladas de lixo a cada dia e 30% dele poderia ser reciclado. É uma riqueza desperdiçada, pois apenas 10% dos municípios brasileiros possuem coleta seletiva organizada, conforme exige a lei”, comenta Nilândio.

O grupo Catadores Cidadãos, do bairro Ponto Chic, de Nova Iguaçu, que já contou com a ajuda financeira da ANABB, faz um trabalho que já se adequa à lei. Hoje, possui um pequeno galpão na Associação Comitê Ponto Chic e conta com seis catadores que trabalham nas ruas próximas ao local. No entanto, o trabalho dos catadores de lixo ainda é mal remunerado. As empresas que compram os materiais coletados pagam muito pouco. Os catadores contratados por prefeituras para a prestação de serviço ambiental conseguem uma melhor renda.

Para o coordenador do grupo, há muitas dificuldades para a organização de grupos de catadores, como a burocracia e o custo para a formalização, os registros empresariais, a contabilidade e obrigações legais. Nilândio diz ainda que “os grupos também não dispõem de financiamentos para aquisição de local próprio, equipamentos mínimos e condições de comercialização justas”. O grupo Catadores Cidadãos, mesmo que pequeno, recolhe cerca de uma tonelada de lixo por mês. Ainda assim, a renda é muito pequena e o grupo conta com doações de funcionários do Banco do Brasil, que chega via Comitê Elos, por meio de uma cesta básica para cada catador.

Mas há boas perspectivas. O grupo começou uma capacitação pela Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que vai possibilitar a sua transformação em uma cooperativa, atrair novos catadores, conquistar doadores de recicláveis e até ser contratada pela Prefeitura de Nova Iguaçu. Assim, visto como algo asqueroso por muitos, o lixo, mais uma vez, está gerando melhores condições de trabalho e renda para muitas famílias.




Fonte: Agência ANABB