Texto compartilhado pelo associado Rui Morel Carneiro, de Guarapuava (PR)
Nos idos de 1975 tomei posse no Banco, num 21 de outubro que jamais esqueço, um tanto pelo sonho que sem saber eu começava a realizar e mais pela dor de cabeça ocasionada pelo uso da gravata. É que me foi exigida a indumentária para tomar posse no BB.
Estava lá na CIC FUNCI: Camisa branca de manga curta ou de cor com manga longa e gravata. Como não tinha costume de usar gravata, meu pai me orientou abotoar até o último botão da camisa e apertar o laço da peça.
No final do expediente eu já girava o corpo inteiro quando precisava olhar para o lado. Percebia que os colegas se portavam estranhamente comigo, mas pensava que eles estavam com o mesmo problema que eu: a dor de cabeça pelo pescoço apertado.
O tempo foi passando e criei uma aversão por essa coisa.
Pouco tempo depois, no meu casamento, tudo se repete: minha noiva exigiu que eu estivesse de gravata. Mas dessa vez não fui tão bobo, não abotoei o último botão, sempre com a lembrança do dia 21 de outubro de 1975.
No Banco fui muito feliz (sem gravata), mormente no meu melhor período de Fiscal da CREAI. Ali sim eu era mais eu, no meu fusca, de botina, camiseta e jeans.
Mesmo tendo ojeriza à gravata, sempre conservei uma no guarda-roupas com a idéia fixa: vou vencer esse trauma. Sempre que abro a porta, olho pra ela e, com o dedo em riste, nem preciso falar e ela já entende. Sinto que ela se agarra no cabide e de lá não sai por nada.
“A história diz que, por volta do ano 1635, cerca de seis mil soldados e cavaleiros se dirigiram a Paris para dar suporte ao rei Luís XIV e ao Cardeal Richelieu. Entre eles, estava um grande número de mercenários croatas. O traje tradicional destes soldados despertou interesse por causa dos cachecóis incomuns e pitorescos enlaçados em seus pescoços. Os cachecóis eram feitos de vários tecidos, variando de material grosseiro para soldados comuns a seda e algodão para oficiais. Os franceses logo se encantaram com esse adereço elegante e desconhecido, que chamaram de cravat, que significa croata. O próprio rei Luís XIV ordenou que seu alfaiate particular criasse uma peça semelhante à dos croatas e que a incorporasse aos trajes reais."
...E o mundo aderiu ao adereço de nome GRAVATA (aquela que me deu dor de cabeça).
Rui Morel Carneiro
Guarapuava (PR)
Aposentado
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