ADEUS

Poema compartilhado pelo associado Milton Soares, de Teresina (PI)

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Já passei por tanta coisa,
Padeci por tantos anos,
Driblei tantos obstáculos,
Resisti a outros planos,
Não é bem o que eu quero,
Mas tudo que espero,
É não sofrer desengano.
 
Me debruço sobre gráfico,
Me atrapalho com a planilha,
Faço cálculo e mais cálculo,
Não me acho nessa trilha,
O dinheiro é muito pouco
Mas antes que fique louco
Peço ajuda à família.
 
O assunto é discutido
Com a família reunida,
Corta gasto, tira gasto,
Já parece decidida,
Mas a paz é abalada,
Quando a área a ser cortada,
São os seguros de vida.
 
A mulher não admite,
Nem aceita esse corte,
– Tanto tempo que a gente paga,
Talvez até se suporte,
O ruim desses seguros,
Pra gente garantir o futuro,
Tem que torcer pela morte.
 
A discussão se acalora,
As perdas são significativas,
Os argumentos não convencem,
A patroa é taxativa,
– Uma coisa me explique,
Se for pra perder o tickte,
Pode ficar na ativa.
 
Os filhos já decidiram,
– Diga “não” a adesão,
O senhor só vai perder,
Pode virar um beberrão,
A vadiagem te chama
Lá no bar com sua brahma
E de quebra o violão. 
 
Amigos ficam, amigos vão,
Saudade levo, mas pouco deixo,
Onde errei, onde acertei,
Não me arrependo, nem me queixo,
Fui fogo, também fui água,
Não levo, nem deixo mágoa,
Sou roda fora do eixo.
 
Vou ficar livre dessas metas,
Da cobrança do dia a dia,
Do perigo de assalto,
Do dinheiro, à alergia,
Do medo da nota falsa,
Da diferença de caixa,
Do Rating e do Sinergia.
 
Vou viver intensamente,
Curtir minha felicidade,
Mesmo pagando muito caro,
Pela sonhada liberdade,
Ou me dou bem, ou me acabo,
Pois o jardim do diabo,
Fica na ociosidade.
 
Estão aí os meus carimbos,
E também o meu crachá,
Já tiraram meus “acessos”,
Tratem de providenciar,
Mudem os segredos do cofre,
Aposentado é bicho que sofre,
E se eu resolver assaltar? (hem..., hem..., hem....).
 
O lucro exige esforço
De gente mais juvenil,
Cansado, já não aguento,
Velocidade a mais de mil,
Saio sem ressentimento,
Tá legal, eu me aposento,
ADEUS BANCO DO BRASIL.

Milton Soares
Teresina - PI
17.05.2007

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