Texto compartilhado pelo associado Renato Espedito da Cunha Madrid, de Porto Alegre (RS)
Dia de Finados. Ano de 1966.
Os dois jovens desembarcaram na rodoviária de Palmeira das Missões-RS. No dia seguinte, 03/11, era o início de suas atividades profissionais no Banco do Brasil da cidade.
Desceram do ônibus, cuspindo tijolos. É que a viagem foi longa, em estrada de terra batida, com muito pó vermelho ao redor. O mais novo carregava um violão, debaixo do braço. Ele adorava as músicas da Jovem Guarda. O mais velho, com voz bem afinada, era do time do Nelson Gonçalves, Moacyr Franco e Altemar Dutra.
Pegaram as malas e foram para o hotel localizado na esquina da rua. Não cruzaram com ninguém pelo caminho.
Na portaria do hotel, perguntaram por que a cidade parecia vazia. O atendente informou que, “nesta data, todo mundo se junta no cemitério para namorar”.
Eles riram, pensaram em largar as coisas e irem para o cemitério. Porém, desistiram! O melhor seria dormir e esperar o amanhã, afinal “cachorro apressado é comida de onça”, pensaram.
No dia seguinte, se apresentaram no BB. Foram bem atendidos e informados, pelo pessoal do Funci, sobre a fé-de-ofício e de suas consequências na vida de cada um. A tarde passou rápido... a noite também.
Finalmente, sextou!
De manhã, no horário marcado, chegaram ao trabalho. Durante o expediente, ficaram sabendo que o bar do hotel, onde se hospedaram, era bom para namorar. Havia pizzas de linguiças calabresas, caipirinha de cachaça e cerveja bem gelada. Ou seja, tudo para inibir eventual timidez. Expediente findo. Rumo ao hotel!
Por volta das 21 horas, deixaram seus quartos e desceram. No bar, viram que oito colegas do BB já esperavam por eles, em duas mesas de cinco bancos, estrategicamente colocadas no canto direito do salão. Puxaram dois bancos e sentaram-se.
Conversa vai, conversa vem, piadas diversas, pizza no estômago, cerveja na goela, bar enchendo, garotas ao redor. De repente, o rapaz da viola, com cara de quem estava com caipirinha na veia, levanta-se e pergunta para a turma:
– Gente, vamos transformar isso numa “festa de arromba”? Todos gritam: VAMOS!!
Então, dirige-se ao atendente do bar que, sorrindo, tira o violão escondido atrás da cortina e entrega para ele.
Vai até a sua mesa, põe um pé no banco, ajeita a viola em cima do joelho, todo mundo com olhar nele e ele, com olhar fixo na morena da mesa da frente, começa:
– “Só quero que você me aqueça nesse inverno, e que tudo o mais vá para o inferno...”.
... A festa no BB estava apenas no início!!
Renato Espedito da Cunha Madrid
Porto Alegre - RS
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