Texto compartilhado pelo associado Nilto Roberto Cerioli – morador de Curitiba (PR)
Inverno de 1966. Assumi em Cascavel, oeste do Paraná. Acesso difícil. Se chovia, aportava-se à cidade em sistema de revezamento com o ônibus. Isto é, ora ele nos transportava, ora nós o empurrávamos. Alternativas, só duas: ou barro vermelho, ou pó vermelho.
Pó. Calor. E, nós, impecáveis em nossas camisas sociais e gravatas. É. Era obrigatório àquele tempo. Ambiente estritamente masculino, mas elegante. Surgira, à época, a grande novidade: camisas em fio sintético. As famosas “Volta ao Mundo”. Para quem nem ideia tem do que se tratava, imagine o seguinte: Enfie um saco plástico no corpo, prenda à cintura, deixando só a cabeça de fora.
Os ventiladores – “espalhadores de calor” – roncavam nos cantos do prédio. E matraqueava-se em máquinas de escrever. Escrituração? Fichas gráficas amarelas e método hamburguês, claro. À mão! Ah, sim. Os cálculos eram feitos com máquinas manuais. Simpáticas geringonças cheias de ganchos, manivelas e ventosas. Descrição de um museu? Talvez. Mas são apenas 55 anos.
Comecei na antiga CREAI (Carteira de Crédito Agrícola e Industrial), fundos do atarracado prédio da agência. Mesas justapostas. Apinhada. O “cercadinho” estalando ameaçador, abas de chapéus disputando espaço, ar impregnado de cheiro de fumo. Eu me desdobrava no atendimento. Filho de colonos gaúchos, povoadores da região, identificava-me com as carências daqueles desbravadores.
E foi nesse ambiente que um deles me bradou em típico sotaque e volume sulinos: “Gostei da tua atenção, chê! Vou te trazer um presente”. Dias depois me ressurge o cidadão, resoluto, direto a mim: “Pensou que eu tinha esquecido? Óia aqui, ó!” Sacou de dentro de uma velha saca de aniagem uma galinha preta, penas lustras, bem tratada!
“Quéu!” O pobre animal que sacolejara quilômetros em Jeep dentro daquela saca, ao deparar-se com uma centena de pessoas, abriu as asas, o bico e todos os demais orifícios! Escapuliu, saltitando por sobre aquelas escrivaninhas, emporcalhando tudo. Confesso que desconheço o final do episódio, pois que eu, na timidez dos meus 18 anos, tranquei-me no banheiro até que tudo se acalmasse.
Este foi um dos episódios que ilustram a época. Época em que ainda financiavam-se juntas de bois para serviço. Hoje, atônito, observo os filhos e netos daqueles rudes e bravos pioneiros, falando em agrobusiness, olhos presos em monitores acompanhando cotações internacionais, dirigindo cooperativas. Foi um processo rápido e fabuloso. Teria ocorrido dessa forma sem a permanente atuação do BANCO DO BRASIL?
Nilto Roberto Cerioli
Curitiba - PR
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