Precisamos ficar atentos aos riscos de manter na Previ os mesmos dirigentes eleitos
Pode parecer singelo o alerta da ANABB sobre os riscos partidários no processo eleitoral da Previ. A história recente na política eleitoral brasileira mostra que não. Nesta edição do jornal Ação, você já leu os testemunhos de colegas de outras entidades falando das desastrosas intervenções político-partidárias em fundos de pensão.
Também precisamos ficar atentos aos riscos de manter na Previ os mesmos dirigentes eleitos, pois os nomes se repetem no clássico pedido de “deixem a gente continuar aqui”. Pode estar bom para eles, que triplicam benefícios ao ocupar cargos nas empresas participadas de nosso fundo de pensão. Alguns depois até dos escandalosos benefícios das aposentadorias milionárias. Mas, com certeza, não está bom para quem paga a conta com superávits escamoteados, no caso do Plano 1, e com a incompetência na gestão dos recursos, no caso dos colegas do Previ Futuro.
Esse grupo político está encastelado na Previ desde 1998 e lá se vão 24 anos. Basta lembrar que a Diretoria de Seguridade JAMAIS foi ocupada por um dirigente de outro pensamento político. Nessa diretoria, encontramos a distribuição generosa de benefícios para os “amigos de quem manda”. Os acertos feitos por diretores que passaram por lá – Nogueirol, Henrique Pizzolato, Fernando Amaral, José Ricardo Sasseron, Marcel Juviniano – sempre tiveram comprometimento partidário, muito distante da literatura de gestão competente de fundos de pensão.
Foi na Diretoria de Seguridade que as chamadas “aposentadorias milionárias” foram gestadas e paridas como bastardas de uma família de mais de 200 mil participantes, que só são chamadas para pagar a conta. Puderam contar com o auxílio “luxuoso” do senhor Aldemir Bendine, o Dida, que bancou o enfrentamento do Banco do Brasil junto aos órgãos públicos, sabedor de que tinha mesmo “costas quentes” ou conhecia de perto “os rabos presos”. Podia fazer o que bem entendesse.
Os participantes continuam distantes da realidade que acontece em nosso fundo de pensão. Um aparelhamento comprovado pelos números e por contratos com tantos escritórios jurídicos que a ANABB quase não consegue um escritório para enfrentar o debate sobre o teto de benefícios. Todos pendurados nas tetas gordas e generosas da Previ, ainda que apenas para não poder representar contra seus feitos ou malfeitos.
Dirigentes sindicais coniventes, em sua absoluta e grande maioria, ganhando salários muito distantes das aposentadorias milionárias, até porque nem mesmo pertencem aos quadros do Banco do Brasil, acabam executando tarefas sem saber para quem e o porquê. Pouco importa se o objetivo nunca é o trabalhador, e, sim, o partido. Todos militantes confessos de algum partido. A maioria dos dirigentes sindicais bancários liberados pertence a bancos privados.
Ademais, uma legião de colegas acredita em um país melhor por conta de um messias. Muitos colegas acreditam estar derrotando o “mal” e se sentem mesmo cavaleiros do “bem”. Isso é até compreensível diante de tantos malfeitos testemunhados ao longo de anos, mas muito distante do que realmente acontece de fato. Assistimos ao fatiamento do país para grupos de interesse em nome da “governabilidade”. Nós já vimos esse filme inúmeras vezes. Agora mesmo tentam acalentar o desejo do sistema financeiro, que, além da privatização do próprio Banco, propõe a distribuição das reservas dos participantes de fundos das estatais entre os amigos banqueiros. Tudo isso como moeda em pleno ano eleitoral.
A própria ANABB, no período em que esteve sob o comando de sindicalistas e dirigentes da Fenabb – 2012 a 2021 –, silenciou na discussão sobre o teto de benefícios, até porque o então presidente Sergio Riede, candidato à reeleição na Previ, sempre esteve na lista dos que recebem acima do teto. A luta acabou sendo travada sem apoio da instituição, por dirigentes minoritários, junto aos órgãos de controle da Previdência Complementar. Além disso, no mesmo período, jamais se discutiu a respeito dos resultados da Previ e a ANABB transformou-se em correia de transmissão dos interesses dos dirigentes ligados a movimentos favoráveis à mordaça e às aposentadorias milionárias.
No próximo ano podemos ter um governo em linha com o grupo que ocupa todas as vagas dos eleitos na Previ e busca desesperadamente a reeleição. Com isso, nossa PREVI ficaria TOTALMENTE nas mãos de um único partido político. Daí nosso apoio à CHAPA 1 – PREVI PLURAL APARTIDÁRIA. Vocês podem até não levar em conta nosso alerta, mas jamais vão poder dizer que a ANABB NÃO AVISOU.