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ANABB

Carreira dedicada às artes marca vida de Arnaldo Jabor

Cineasta, escritor e jornalista, ele morreu na madrugada desta terça-feira (15), em São Paulo, vítima de complicações decorrentes de um acidente vascular cerebral


Em 15.02.2022 às 18:26 Compartilhe:

A ANABB lamenta a morte do jornalista, cineasta e escritor Arnaldo Jabor, ocorrida na madrugada desta terça-feira (15) na cidade de São Paulo (SP). Jabor, de 81 anos, estava internado desde 17/12 do ano passado, quando sofreu um acidente vascular cerebral (AVC).

Arnaldo Jabor participou da segunda fase do movimento Cinema Novo, que retratava questões políticas e sociais do Brasil a partir de uma estética cinematográfica inspirada no neorrealismo italiano e na nouvelle vague francesa.

A extensa carreira no cinema lhe rendeu muitos prêmios. Ao todo, dirigiu sete longas-metragens, dois curtas e dois documentários. Na TV, era colunista de telejornais da Globo desde 1991. Também assinou crônicas e colunas em vários jornais e comentários para rádios.

Nos anos 1990, acabaria por se afastar do cinema – por “força das circunstâncias ditadas pelo governo Fernando Collor de Mello, que sucateou a produção cinematográfica nacional”, esclareceu ele em seu site oficial.

Durante o período, passou a se dedicar também à literatura e publicou oito livros de crônicas. O primeiro deles, Os canibais estão na sala de jantar, foi lançado em 1993. Os dois últimos, Amor é prosa (2004) e Pornopolítica (2006), alcançaram grande sucesso de vendas. Aos amigos, Jabor dizia ser melhor escritor do que cineasta.

Dono de manifestações fortes e incisivas, Arnaldo Jabor não se esquivava de dar sua opinião sobre temas polêmicos nos espaços que ocupava na mídia. Os pronunciamentos geravam apoiadores e críticos, mas também produziam reflexões sobre o Brasil contemporâneo. Certo ou errado, manteve sempre uma posição independente, dedicada a interpretar a realidade do país.


PRÊMIOS NO CINEMA

O primeiro longa de ficção de Arnaldo Jabor, Pindorama (1970), foi indicado à Palma de Ouro, o maior prêmio do Festival de Cannes (França). O segundo, Toda Nudez Será Castigada (1973), adaptação da peça de Nelson Rodrigues, um dos maiores sucessos de bilheteria do cinema brasileiro, venceu o Urso de Prata no Festival de Berlim (Alemanha) e um Kikito no Festival de Gramado (RS) – a atriz Darlene Glória foi premiada no mesmo festival com a produção.

O filme seguinte, O Casamento (1975), igualmente adaptado da obra de Nelson Rodrigues, recebeu o Prêmio Especial do Júri no Festival de Gramado e obteve outro Kikito de melhor atriz, conquistado por Camila Amado.

Tudo Bem (1978), que teve como protagonistas Fernanda Montenegro e Paulo Gracindo e um elenco formado ainda por nomes como Fernando Torres, Luiz Fernando Guimarães, José Dumont, Regina Casé, Stênio Garcia e Zezé Mota, foi premiado como Melhor Filme no Festival de Brasília – Paulo César Pereio obteve o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante na mesma competição com a obra – e selecionado para exibição nos festivais de Berlim e de Cannes. Jabor considerava este seu melhor filme.

Em 1981, dirigiu  Eu te amo, protagonizado por Paulo César Pereio e Sônia Braga, e, em 1986, Eu sei que vou te amar, outro sucesso de bilheteria e de crítica, indicado à Palma de Ouro de Melhor Filme do Festival de Cannes – que premiou também Fernanda Torres como Melhor Atriz pela interpretação na obra.

Em 2010, depois de 24 anos afastado do cinema, assinou roteiro e direção em A Suprema Felicidade, que conta a história de um adolescente que, ao ter que lidar com as frustrações do pai, acaba se aproximando do avô. A obra recebeu diversos prêmios de direção de arte e figurino em festivais nacionais e internacionais.

Arnaldo Jabor deixa um filme inédito, Meu Último Desejo, baseado na crônica O Livro dos Panegíricos, de Rubem Fonseca.

Fonte: Agência ANABB