Texto compartilhado pelo associado José Amauri Dantas – morador de Campina Grande (PB)
Sim. Exatamente assim. O BB era do povo. Pois estava lá junto ao povo, até nos grotões do Sertão Nordestino, emprestando dinheiro para os nossos heróis sertanejos, calejados pelas secas e toda sorte de infortúnios, como a absoluta inexistência de quaisquer apoios, desde saúde, educação e principalmente segurança alimentar, quando São Pedro fechava as torneiras do Céu.
Nomeado “fiscal” na agência de Bananeiras (PB) em 1975, acabei conquistando a confiança do gerente e com ela o ônus das missões mais indigestas. Fui escalado para cobrar uma dívida de um “major” sem farda – pior ainda – daqueles que costumavam resolver as coisas à bala. O motorista dos fiscais já havia saído daquela fazenda com um fiscal de carreira trancada - após o mesmo insistir em olhar se uma vaca financiada estava “ferrada”, conforme obrigava o contrato.
E fomos nós. O meu amigo repetia um episódio segundo o qual teria culminado com o último passageiro que o “Major” despachara para a “cidade de pés juntos”... Conforme ele narrava, um morador foi acertar umas contas com o patrão e, após pequena discussão, o Major falou que ia “pegar um negócio ali dentro” e voltou com o trabuco cuspindo fogo nos peitos da vítima... Aquela conversa me deixou preocupado...
Chegamos à fazenda por volta do meio dia, o vento soprava a poeira da estrada à frente da casa, lembrando aquele clima dos faroestes americanos... Um rapaz estava sentado sob o alpendre, dei boa tarde e perguntei pelo Major. Instantes depois ele apareceu, sem camisa – estava desarmado, o que já considerei um avanço. Apresentei-me como fiscal do Banco do Brasil e disse-lhe que estava ali com a finalidade de convidá-lo a comparecer à agencia para negociar os débitos vencidos e fazer novos empréstimos. Ele ficou animado e falou: - Pode escrever aí que eu vou lá daqui para a “semana que entra”... Ufa! Que alívio...
Preparei uma despedida, o amigo a essa altura já estava ao volante da Rural, porém fui interrompido pelo Major, que ordenou: - Peraí que eu vou “pegar um negócio ali dentro”...
A vontade foi de correr, mas matuto que se preze não bate pino e “seja lá o que Deus quiser”... Após intermináveis minutos, o Major voltou com um queijo para o “Fiscal”...
José Amauri Dantas
Campina Grande - PB
SEU TEXTO PODE SER O PRÓXIMO!
Você, associado, também tem uma boa história para contar e gostaria de compartilhar com os colegas do BB?
Basta enviar sua crônica para o e-mail: vicom@anabb.org.br. Fique atento às regras:
- Os textos devem ser enviados em arquivo do tipo Word.
- Devem conter no máximo 3 mil caracteres, contando espaços.
- O associado deve informar nome e cidade no e-mail.
Funcionários aposentados do Banco do Brasil, colegas que vivenciaram um BB com costumes e tecnologias próprios da época, certamente têm boas histórias para contar.
Quer ver seu texto publicado na série Boas Lembranças do BB? Então compartilha com a gente.
Clique aqui para ler outros textos da série Boas Lembranças do BB