× Modal
< Voltar


#naomexenoBB

Banco do Brasil tem função essencial de financiar transição para economia sustentável

Modelo produtivo atual acentuará crises econômica, social e ambiental, alerta a economista Fernanda Feil. Pandemia do novo coronavírus tornou essa realidade ainda mais evidente


Em 23.10.2020 às 11:50 Compartilhe:

Além das crises econômica e social, a pandemia do novo coronavírus também acentua o sério impacto dos sistemas produtivos atuais sobre o ambiente. O desmatamento de grandes florestas para a produção agrícola e a pecuária e as mudanças climáticas em curso, aceleradas pela poluição oriunda dos processos industriais em larga escala, reforçam a urgência de se pensar sistemas de produção baseados em uma economia mais limpa e sustentável. E os bancos públicos, em especial o Banco do Brasil, exercem papel estratégico para isso.

Dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgados nesta quinta-feira (22/10) pela imprensa demonstram que o sistema financeiro nacional aumentou a oferta de crédito para atividades sustentáveis entre 2013 e 2019, passando de 11,6% do total dos empréstimos corporativos para 22% no período – com pico de 27,6%, ocorrido em 2017. Entretanto, mais da metade dos recursos acabaram financiando projetos com potencial de agravar as mudanças climáticas em curso. Esse fato ilustra como o Brasil ainda aproveita mal seus recursos e carece de investimentos efetivos no desenvolvimento sustentável.

“A covid-19 evidenciou a necessidade de mudarmos um sistema econômico que não está funcionando, que está trazendo desigualdade social, regional, econômica e profunda destruição ambiental. Se continuarmos nesse caminho, chegaremos a um ponto irreversível. O Estado tem que voltar a atuar para evitar isso. E, nesse sentido, os bancos públicos em geral, e o Banco do Brasil mais especificamente, têm um papel essencial”, avalia a economista Fernanda Feil, especialista em instituições financeiras públicas.

Para Fernanda Feil, que participou da live realizada pela ANABB no dia 30/09 sobre o papel do Banco do Brasil na retomada da economia, instituições financeiras públicas como o BB precisam ir além, inclusive, do fomento às políticas públicas. Elas têm que financiar a busca por outros modelos de produção que não provoquem a destruição do ambiente. “O BB e as instituições públicas têm que ser responsáveis pela reestruturação da economia e pela transição para um processo econômico mais limpo, mais sustentável e mais igual”, aponta.

Durante a live da ANABB, a economista chamou a atenção para o fato de que “a pandemia veio escancarar essa realidade” caracterizada por eventos climáticos cada vez mais extremos e frequentes, situação que só pode ser revertida a partir de uma transição verde na economia. Ela lembrou também que o sistema financeiro será crucial para esse processo, ao realizar uma avaliação adequada dos projetos a serem financiados sob a perspectiva da sustentabilidade.

Para Fernanda, portanto, os bancos públicos têm duas funções estratégicas em se tratando de sustentabilidade ambiental: redirecionar sua carteira de crédito para a transição verde e intervir em setores ainda muito dependentes de processos produtivos poluentes. “Os estudos estão indicando que as mudanças no clima vão afetar consideravelmente a forma do relevo, o tempo, a capacidade de ter água, de irrigação. O mundo vai mudar nos próximos dez anos. E isso pode influenciar drasticamente a produção agropecuária, principalmente em regiões como o Centro-Oeste brasileiro”, enfatiza.
 

Fonte: Agência ANABB