ANABB também pediu esclarecimentos ao BB por meio de ofício enviado no início de julho
A negociação de uma carteira de crédito entre o BB e o banco BTG Pactual continua gerando repercussão. E não é apenas a ANABB que tem buscado esclarecimentos sobre o ineditismo da operação. Associados da ANABB e parlamentares querem mais explicações sobre a cessão de uma carteira de crédito com valor contábil de R$ 2,9 bilhões para um fundo de direitos creditórios administrado pelo BTG Pactual, com impacto financeiro de R$ 371 milhões ao BB.
Na última quinta-feira, 16 de julho, o associado e funcionário aposentado do BB, Paulo Roberto Tourinho, de Niterói (RJ), encaminhou uma carta que foi divulgada pelo jornal O Globo pedindo explicações sobre a transação realizada pelas duas instituições financeiras:
É preciso explicar
O Sr. Rubem Novaes, presidente do Banco do Brasil, e o ministro da Economia, Paulo Guedes, precisam explicar por que o Banco do Brasil cedeu carteira de crédito no valor de R$ 2,9 bilhões ao Banco BTG, sendo a primeira vez na sua história que ocorreu venda para instituição privada fora de seu conglomerado. A operação levanta suspeita tendo em vista que o citado banco foi criado por Guedes, que sempre diz que devemos vender essa "porcaria" do Banco do Brasil.
O assunto que preocupou o associado foi tema de pedido de informações da ANABB ao BB. Conforme já divulgado, no dia 2 de julho, a ANABB solicitou esclarecimentos sobre a natureza da operação ao vice-presidente de Gestão Financeira e de Relações com Investidores do Banco do Brasil, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo.
MOBILIZAÇÃO ENTRE DEPUTADOS
No legislativo, dois deputados protocolaram requerimentos na Câmara dos Deputados para que o Banco do Brasil e o Ministério da Economia prestem esclarecimentos sobre a cessão da carteira de crédito do BB ao BTG Pactual.
O ofício da ANABB encaminhado ao BB foi citado pelo deputado Enio Verri (PT/PR) no requerimento de informações protocolado pelo parlamentar, que questionou a transação durante discurso no plenário virtual e requereu ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que é um dos fundadores do BTG Pactual, sobre a operação a fim de se atestar “a regularidade de sua ocorrência, a observância de requisitos de boa governança e, principalmente, o atendimento ao interesse coletivo, princípio basilar a conduzir operações realizadas por sociedades de economia mista”, diz no documento.
O outro requerimento foi feito pelo deputado Glauber Braga (PSOL/RJ) que também protocolou um convite ao presidente do BB, Rubem Novaes, a comparecer à Câmara para responder perguntas sobre o assunto.
POSICIONAMENTO DA ANABB
Por ser tratar de uma ação inédita e pela falta de divulgação de qualquer processo de concorrência e de securitização, a ANABB encaminhou ao BB, uma série de questionamentos sobre a cessão da carteira de créditos a uma instituição privada, um dia após o banco divulgar ao mercado a negociação.
A ANABB continua aguardando respostas dos questionamentos encaminhados ao vice-presidente do BB, Carlos Hamilton.
Veja os questionamentos solicitados pela ANABB:
1. Existe algum impedimento legal-jurídico para que a operação não tenha transitado pela Ativos S.A?
2. O processo assegurou ampla concorrência e de que modo?
3. O leilão, como modalidade para que o BB possa ceder parte de seus ativos sem questionamentos sob direcionamentos, não seria o caminho mais adequado?
4. A negociação teve aval formalizado pelo Tribunal de Contas da União, Banco Central e Controladoria-Geral da União?
5. Qual composição e características da carteira negociada?
6. O comunicado informa, ainda, que a operação faz parte de um projeto piloto para dinamizar a gestão de crédito. Quais características principais, justificativas e objetivos deste novo projeto?
Clique aqui e veja o requerimento do deputado Enio Verri
Veja o ofício encaminhado pela ANABB
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