Mudança de comportamentos ocasionada pela covid-19 favorece maior atenção aos cuidados com a saúde e a proteção e as ações com planejamento de longo prazo
A palestra on-line Vida e previdência: o que vem de novo por aí?, transmitida pela Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP) no final da tarde desta segunda-feira (13/07), debateu possíveis mudanças para o mercado dos seguros de vida no Brasil após o período da pandemia do novo coronavírus.
Presidente da ANSP e moderador do encontro, João Marcelo dos Santos lembrou que, embora esteja em crescimento, o mercado brasileiro de seguros de vida e de previdência privada ainda é tímido, inclusive em termos de produtos. Cenário que, na sua avaliação, está em mudança.
“Há uma mudança de paradigma acontecendo neste momento. A pandemia vai mudar a forma como enxergamos tudo a nossa volta: nossa relação com os outros, a forma como compramos roupas, os apartamentos em que vivemos, o modo de produzir isso tudo. O que pode trazer novos conhecimentos que coloquem todos alinhados na construção de um futuro melhor. E o seguro de vida e a previdência são centrais nisso tudo”, ponderou Santos.
Nilton Molina, membro do Conselho Superior da ANSP e da Cátedra de Previdência Complementar Aberta, que participou do encontro, destacou que o negócio dos seguros de vida no Brasil começou a apresentar um viés de crescimento nos últimos anos – antes mesmo da pandemia, portanto –, momento em que as grandes companhias seguradoras passaram a investir em empresas especialistas em seguros de vida e previdência.
“Com a pandemia, as pessoas passaram a ver que precisavam de proteção. Houve assim aumento de vendas novas [novos clientes] nas seguradoras”, afirmou ele. Para exemplificar, Molina citou dados da companhia em que atua, que registrou crescimento de 10% de vendas novas e de 16% de receita recorrente [clientes antigos] na comparação ao período anterior ao da covid-19, ainda este ano. “Isso é resultado do apelo do seguro de vida”, enfatizou.
Para Molina, a pandemia está fazendo com que as pessoas repensem os gastos com artigos supérfluos, destinando recursos ao que de fato é importante em suas vidas. A redução do valor médio das faturas do cartão de crédito seria resultado dessa reflexão. Outro resultado possível seria a destinação de parcela maior da renda para a poupança, o que pode favorecer uma maior procura pelas apólices de seguros de vida. “Nosso negócio deve crescer devido à maior exposição das pessoas ao risco” da pandemia, avaliou.
SEGURO ADEQUADO AO PERFIL
O debatedor também falou sobre o desafio das seguradoras e dos corretores em encontrar um seguro de vida adequado às necessidades e ao perfil de cada família. Para ilustrar, ele forneceu como exemplo um núcleo familiar considerado típico, formado por um casal na faixa dos 40 aos 45 anos e dois filhos em idade escolar que, neste estágio da vida, provavelmente está envolvido com o pagamento do financiamento habitacional e do empréstimo para aquisição de veículo, entre outras dívidas.
Conforme Molina, para obter uma cobertura adequada do seguro de vida, o casal descrito precisaria de uma apólice com prêmio correspondente à renda total obtida pelo principal mantenedor da família em um período de cinco anos. Desse modo, a família estaria amparada e teria tempo para se reorganizar sem perder qualidade de vida, caso algo acontecesse com o mantenedor e houvesse perda brusca de renda. Entretanto, de acordo com o debatedor, não mais do que 5% dos seguros de vida contratados no País tem esse alcance.
Além de Nilton Molina e de João Marcelo dos Santos, também participaram da palestra on-line Silas Seiti Kasahaya, presidente do Clube Vida em Grupo (CVG) de São Paulo e membro da Cátedra de Seguro de Pessoas da ANSP, e Octávio Perissé, presidente do CVG Rio de Janeiro, que falaram sobre temas como o uso de ferramentas de tecnologia pelas corretoras de seguros e estratégias para despertar o interesse dos jovens pelos seguros de vida.