ANABB conversou com a Diretoria de Gestão de Pessoas do BB sobre a implantação do trabalho remoto no banco
As medidas de isolamento provocadas pela pandemia do coronavírus mudaram a rotina de muitos profissionais. Milhões de brasileiros deixaram os escritórios e postos de trabalho tradicionais e passaram a trabalhar de casa. Muitos acreditam que o home office se fortaleceu no Brasil, derrubou mitos e que pode virar tendência nas empresas no período pós-pandemia.
Essa realidade também chegou ao Banco do Brasil. Em recente reportagem divulgada pelo jornal Valor Econômico, o BB afirmou que planeja manter cerca de 10 mil de seus 92,7 funcionários em home office, mesmo quando acabar o período de isolamento social.
Para entender melhor o assunto, a ANABB entrevistou técnicos da área de Gestão de Pessoas do Banco que afirmaram que, desde 2015, o BB realiza estudos para viabilizar e institucionalizar a prática de home office. No entanto, a pandemia acabou antecipando o que vinha sendo planejado.
“O home office no BB não é de hoje, temos um estudo e um projeto piloto com cerca de 260 funcionários. São estudos amplos que envolvem questões ambientais, logísticas, gestão, qualidade de vida e várias áreas do Banco. Tudo realizado com muita metodologia, cautela e cuidado. Mas, de uma hora para outra, tivemos 35 mil funcionários trabalhando remotamente, não foi o ideal e nem o que planejamos, mas foi necessário”, relata Cibele Vale, assessora da Diretoria de Gestão de Pessoas do BB (Dipes).
Cibele acompanha o projeto de home office do BB, há quatro anos, e afirmou que existe um plano do Banco de, no futuro, manter 10 mil funcionários em teletrabalho, mas que tudo ainda está sendo planejado e depende de questões institucionais, trabalhistas e até judiciais para a implantação.
“A legislação deixou um vácuo nas questões em relação ao trabalho remoto. O projeto piloto foi feito em parceria com os gestores, pela capilaridade do BB, e trabalhou com critério de elegibilidade, perfil do funcionário e o acordo mútuo entre o gestor e o funcionário. O Banco não está só pensando em economia, está pensando em qualidade de vida, retenção de talentos e não tem o objetivo de retirar direitos ou precarizar o trabalho dos funcionários”, enfatiza.
REPRESENTANTES DOS FUNCIONÁRIOS
Para Débora Fonseca, representante dos funcionários no Conselho de Administração do Banco do Brasil (Caref), o home office deve ser discutido com cautela. “São dois momentos, neste período de pandemia foi muito importante, porque conseguiu preservar os colegas e familiares e houve uma mesa de discussão com o sindicato. Agora, não dá para o Banco entender que pode implementar o home office sem levar para a mesa de discussão com os funcionários e seus representantes. Temos que pensar em várias questões como ergonomia, por exemplo, e todos os custos que a prática acarreta para os funcionários”, completa a Caref.
Os sindicatos dos bancários em todo país iniciam nesta quarta-feira, 1º de julho, uma pesquisa para ouvir a opinião e coletar informações sobre as condições de trabalho de home office da categoria. “Nossa intenção é ter informações sobre as preferências da categoria e a realidade do trabalho em home office para o caso de termos que realizar qualquer tipo de negociação sobre o teletrabalho durante nossa Campanha Nacional”, explicou a presidente da Contraf-Cut, Juvandia Moreira, uma das coordenadoras do Comando Nacional.