Previ tem plano de investimentos de R$ 4,8 bi para depois da pandemia

De acordo com presidente da Caixa de Previdência, José Maurício Coelho, recursos serão empregados na diversificação da carteira de participações do Plano 1

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O presidente da Previ, José Maurício Coelho, destacou na manhã desta segunda-feira, dia 08/06, que a Caixa de Previdência já tem aprovado um programa de investimentos de R$ 4,8 bilhões para diversificação, em longo prazo, da carteira de participações do Plano 1. A informação foi dada durante entrevista para a live do jornal Valor Econômico.

“Diversificação é o segredo de uma boa carteira de investimentos e garante rentabilidade. Já estamos em um nível bom, mas vamos fazer uma intensificação deste movimento ao longo do tempo. Assim que as condições de mercado permitirem, vamos fazer novos investimentos”, disse José Maurício Coelho.

Segundo o presidente, a desconcentração da carteira prevê a redução dos ativos de renda variável e sua substituição paulatina por ativos de renda fixa. Além das classes de ativos, levará  em conta também estratégias de gestão e o aspecto geográfico, com a captação de investimentos em outros mercados além do Brasil. Atualmente, a carteira de participações da Previ tem mais de R$ 80 bilhões em investimentos.

José Maurício também defendeu que “a diversidade é importante para a tomada de decisões dentro das empresas” e destacou as normas internas existentes para incentivar a participação de mulheres nos conselhos. Veja outras informações relevantes trazidas pelo presidente José Maurício Coelho:

Crise causada pela pandemia

“Essa é uma crise bastante complexa, com características bem específicas se compararmos com crises passadas. Há três aspectos importantes: abrangência, saúde e a própria economia. Essa é uma crise que afeta o mundo todo, ao mesmo tempo. Se olharmos para 2008/2009, que foi uma crise bastante intensa também, a China e a Índia, para citar dois exemplos, tiveram crescimento de PIB naquele período, o que ajudou a amenizar os impactos no comércio internacional. Desta vez não, todo o mundo está sofrendo as consequências e tendo que administrar tudo o que está acontecendo.

Na questão da saúde, vem um vírus com enorme facilidade de transmissão, e nós não estávamos preparados para combatê-lo. Tivemos de adotar uma medida absolutamente necessária de distanciamento social. Mas ele traz consequências, entre elas a desaceleração da atividade econômica de modo muito brusco, e em poucas semanas setores importantes da produção praticamente zeraram seu faturamento. Isso cria um quadro muito complexo. A expectativa do FMI é de uma recessão pior que a de 1929. Então este é um momento que ainda pede muita cautela na tomada de decisões”.

Investimentos Socialmente Responsáveis

“A Previ sempre teve um protagonismo muito forte neste tema. Em 2005, a convite da ONU, nós fomos a única entidade da América Latina a participar das discussões que levaram à criação do PRI [Princípios para o Investimento Responsável]. Somos, portanto, signatários do PRI desde o início. Sempre incentivamos as empresas participadas a terem uma agenda de evolução no tema. Pensar em longo prazo, sem ter práticas de sustentabilidade, não é compatível. Está inclusive em nossa missão: pagar benefícios de forma sustentável. O que só reforça a importância dessas práticas.

Em nossas decisões de investimentos, nós ponderamos sobre as práticas que determinada empresa adota em temos de sustentabilidade, governança e responsabilidade social. Ao mesmo tempo, nas empresas em que já tenhamos participação, sempre incentivamos que evoluam neste tema, independentemente do estágio em que se encontrem. Nós acreditamos que a melhor forma de gerar valor para a sociedade como um todo é fazer com que as empresa se tornem ainda melhores”.

Influência política

“Na Previ, não há influência política. Temos uma relação muito saudável e muito profissional com o nosso patrocinador. Os representantes dos associados que são eleitos têm alto profissionalismo. Todos trabalhando em conjunto para que a Previ cresça e saia fortalecida em todas as situações. A pauta, na Previ, sempre foi e continuará sendo uma pauta técnica. Não é por outro motivo que uma entidade de 116 anos nunca precisou cobrar contribuições extraordinárias, nem do patrocinador e nem dos associados. Pelo contrário, já distribuiu mais de R$ 25 bilhões em resultados extraordinários”.

O novo normal pós-pandemia

“Temos uma expectativa de mudança de comportamento, que a gente não sabe ainda qual pode ser. Mas essa mudança de hábitos pode ter sim algum reflexo em nossa carteira de investimentos. Então estamos fazendo uma estratificação dessa carteira. Tem alguns segmentos que podem ter uma mudança maior do que outros. Por exemplo, o segmento de logística, que já é forte, e praticamente não deve ter nenhum impacto disso. Mas alguns outros segmentos de nossa carteira podem sofrer impactos.

No curto prazo, estamos conseguindo passar bem por essa situação de dificuldade. Na carteira de Imóveis, nosso nível de inadimplência tem sido baixo. Temos uma ou outra situação de renegociação pontual, até porque nós temos muito bons clientes usando nossos imóveis, empresas fortes e que estão conseguindo passar por isso.

A carteira de Imóveis tem nos ajudado muito. Além da rentabilidade, traz um fluxo mensal de renda de aluguel que é muito importante para a manutenção do pagamento de benefícios, ajuda na gestão da liquidez. É uma carteira que tem uma importância estratégica. Estamos avaliando que novas estratégias podemos adotar a partir das mudanças que o novo normal pode trazer”.